quinta-feira, 28 de maio de 2015

ALTERAÇÃO DO LOCAL DO EVENTO

Com a greve na UFF (e o fechamento do campus do Gragoatá), nosso evento foi transferido para a PUC-Rio. Para isso, contamos com a ajuda do Prof. Danilo Marcondes e do Depto. de Filosofia da PUC-Rio. 

Seguem, então, as novas salas (e horários) do Seminário:

01/06 (segunda), das 14 às 18:30
Sala F300 (Bloco Frings, sala 300)

02/06 (terça), das 14 às 18:30
Sala do Decanato do CTCH (11º andar do bloco Leme)

03/06 (quarta), das 15:00 às 19:00
IAG003 (Conjunto de salas do IAG)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

[01/06] Resumos das apresentações - 1º dia

Mesa 1 - 14:00 às 16:00




Dr. Rodrigo Pinto de Brito (UFS) - Sobre exercícios céticos

Mesa 2 - 16:20 às 18:20


Dra. Gisele Amaral (UFRN) - Há uma arte de viver?

[Fernanda Oliveira] A preparação para a morte como exercício espiritual em Epicteto

Desde Sócrates, a filosofia antiga se tornou tanto uma forma de vida quanto uma aprendizagem para a morte. As escolas helenísticas, de diferentes maneiras, incorporaram essa concepção. Para os estoicos, a morte não é boa nem má; é um indiferente. Porém, como podemos nos habituar a entendê-la assim? É possível não sofrer com a morte? Como superar talvez o maior medo do ser humano – o medo da morte?


Nesta apresentação, pretendo mostrar por meio da análise de trechos das Diatribes e do Manual, como Epicteto respondeu a essas questões recorrendo aos exercícios (áskesis) físicos e éticos.

[Vitor Millione] Olimpiodoro e Damascio sobre a interdição ao suicídio no Fédon

Quando abordamos a filosofia neoplatônica constatamos de pronto um fenônemo muitíssimo interessante: o fato de pensadores ocupados sobremaneira com a busca da verdade mediante a hermenêutica dos diálogos platônicos (e de seus desdobramentos e críticas), serem capazes de elaborar doutrinas e teorias extremamente originais; originalidade que não pode ser oriunda senão do próprio ato de se debruçar sobre a obra platônica e repensar seus fundamentos. Todavia, a miríade de reflexões que os neoplatônicos nos trazem é frequentemente vista com suspeita; é comum eles serem repreendidos pela falta de literalidade no seu trato com os textos, o que supostamente torna-os fontes não confiáveis para compreender a filosofia de Platão. Seja como for, parece-nos que suas reflexões são de grande valia precisamente pelo fato de nos forçarem a uma perspectiva com a qual não estamos acostumados.


Com o objetivo de apresentar panoramicamente o modo pelo qual o neoplatonismo lidava com a obra de Platão, escolhemos a leitura de Olimpiodoro e Damascio, dois neoplatônicos tardios, acerca do Fédon: mais especificamente, a célebre interdição ao suicídio, apresentada por Sócrates no prólogo; uma questão que desde a antiguidade tem ocupado lugar de destaque no pensamento filosófico e religioso. Ver-se-á que esses autores, na tentativa de compreender um tema controverso, abordam-no a partir de várias frentes: lançam mão de conceitos próprios ao neoplatonismo (por exemplo, as noções de providência e de mímesis do divino), se inspiram nos comentários de seus antecessores e usam inclusive argumentos estremes de endosso textual. Com efeito, ressalta-se um movimento curioso no neoplatonismo: o fato de cada filósofo lidar com a mesma questão de modo bastante singular. Em suma, esperamos mostrar que os neoplatônicos - assim como nós, pesquisadores contemporâneos - depararam-se com a magnitude da obra platônica e se esforçaram ao máximo para entendê-la.

[Valter Duarte Moreira Junior] Estoicismo: o bom uso de indiferentes como exercício

Por seu caráter austero, o estoicismo é erroneamente visto por muitos como um ascetismo no sentido cristão do termo. De modo que tanto o seu sábio quanto os integrantes que buscam progredir nessa direção são vistos como renunciando sistematicamente a todos os prazeres que tem a nos oferecer o mundo sensível. Para contradizer essa concepção errônea e comum, mostraremos, a partir dos antigos estoicos, bem como Sêneca e Epicteto, que o uso (moderado ou, as vezes mesmo, generoso) de bebida está entre os exercícios e práticas estoicas para a condução de uma vida virtuosa.

[Mauro dos Reis Araújo] A parrhesia epicúrea

As comunidades epicuristas representavam um local de comunhão entre amigos, onde os ensinamentos do mestre do Jardim eram exercitados de modo a proporcionar um contínuo aprimoramento espiritual de seus membros. Dentre os diversos exercícios filosóficos empregados pelos epicuristas, a parrhesia, isto é, o franco falar entre mestre e discípulos, possuía um papel fundamental nesse processo ascético.

[Dr. Eduardo Boechat] A física estoica e o aristotelismo de Possidônio

Resumo em breve.

terça-feira, 19 de maio de 2015

[Antonio Carlos Rodrigues] Epicteto e a lamparina de ferro roubada

É do conhecimento de todos que Epicteto, um dos mais fiéis seguidores do Antigo Estoicismo, ensinava que a morte nada mais seria do que a diluição da criatura nos elementos (stoikheia) que a compunham. À vista disso, provocou grande perplexidade a asseveração de Armand Jagu em seu ensaio nomeado “Epictète et Platon” de que a influência do diálogo platônico Fedão teria sido determinante no pensamento de Epicteto. Apesar do espanto, o fato é que Epicteto absorveu e incorporou um dos paradigmas mais significativos defendidos por Platão no Fédon. Epicteto dá voz e vez a khatarsis de Platão quando estabelece o princípio prático-ontológico do divórcio entre as coisas que dependem de nós, das que não dependem de nós. Ora, o corpo (soma) não depende de nós, mas a deliberação (proairesis) depende. 

[Dra. Ana Paula El-Jaick] O exercício cético de ir contra os gramáticos como um ato precursor da linguística

Sabe-se que, dos vários tratados de Sexto Empírico em que este vai contra os professores das artes liberais, os gramáticos são suas primeiras vítimas. Segundo o cético pirrônico, o ataque à gramática vem em primeiro lugar na medida em que ela nos é ensinada logo na primeira infância, além de estar na base do ensinamento para outras disciplinas e, também, pelo fato de ela se vangloriar de estar acima de todas as ciências (Adv. Gram. 41). Em Contra os gramáticos, Sexto procura mostrar a falta de critérios dos gramáticos ao construírem sua arte. A falta de provas para fundamentar seus postulados leva à impossibilidade, por exemplo, de se acatar à existência de uma entidade como a sílaba. Neste ensaio, busco – como quem ensaia um exercício – aproximar a crítica cética presente em Contra os gramáticos aos manuscritos descobertos recentemente do linguista F. de Saussure. Acredito que, com essa aproximação, é possível observar certo diálogo entre as críticas de Sexto Empírico e o pensamento de Saussure quando da inauguração dos estudos da linguagem como ciência. Nesta investigação para uma história (não teleológica) das ideias linguísticas, pretendo mostrar como Sexto Empírico já denunciava o embaraço com o qual Saussure teve de lidar quando da fundação dos estudos da linguagem como ciência: ter um objeto (a linguagem) não evidente – o que acarreta a necessidade de se criar o objeto a partir de um ponto de vista.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

[Dr. Markus Figueira] Epicuro: viver de acordo com a natureza (katà physin) como exercício (áskesis)

Trata-se de mostrar que a physiología é um exercício constante de pensar a natureza e Epicuro faz desse exercício um modo de vida (éthos) no qual a filosofia se define como um saber em torno da vida (techene perì tís ton bíon). Neste sentido, será apresentada a relação entre physiología e ética no pensamento de Epicuro.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

[Dra. Gisele Amaral] Há uma arte de viver?

Embora a tranquilidade seja assumida por Sexto Empírico como fim do ceticismo, ela consistiria, segundo ele, num evento acidental e superveniente da suspensão do assentimento (epoché). Sexto considera que somos perturbados pelas inconstâncias das coisas e confusos a propósito daquelas às quais é necessário assentir. Assim, ele apresenta o ceticismo como uma habilidade capaz de orientar a vida com base na realidade fenomênica e, desse modo, nos livrar dos infortúnios provocados pelas crenças. Ainda que evidencie certa preocupação em relação à vida, e neste sentido pareça afinado com as demais escolas do período helenístico, isto não significa que Sexto Empírico tenha admitido qualquer a prescrição de uma arte de viver. Pelo contrário, Sexto procura expor a inconsistência de tal prescrição. Esta comunicação tem como objetivo apresentar a crítica de Sexto Empírico à arte de viver.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

[Dr. Aldo Dinucci] Phantasía, phainómenon e dógma em Epicteto

Através de análise das ocorrências dos termos, mostraremos a relação entre os conceitos de phantasía, phainómenon e dógma em Epicteto. Partiremos de Encheirídion 1.5, passagem na qual nosso filósofo, estabelece a relação entre os dois primeiros conceitos e aquele de tracheía. Como veremos, para Epicteto, a tarefa principal do filósofo consistirá no teste das phantasíai, ou melhor, daquilo que nelas está sob nosso encargo (eph'hêmin): o phainómenon, ou que se nos afigura como sendo a causa exterior da percepção. O teste do phainómenon possibilitar-nos-á reduzir o impacto da phantasía tracheía, pelo que podemos propiciar ou manter a ataraxía

[Dr. Danilo Marcondes] Dogma e Diaphonia

Nesta apresentação pretendo discutir os apologistas e a patrística dos três primeiros séculos do Cristianismo - o chamado contexto ante-nicênico - como elo esquecido, ou ao menos negligenciado, de transmissão da filosofia helenística, sobretudo no caso especifico de minha pesquisa, o ceticismo. 

Em primeiro lugar os apologistas e em segundo os filósofos da patrística recorreram sistematicamente ao pensamento filosófico grego para a elaboração de uma doutrina ortodoxa com a finalidade de preservação da unidade do Cristianismo então ameaçada pelas diferentes seitas - as chamadas "heresias" - resultantes de sua rápida expansão em diversas regiões do mundo mediterrâneo. A grande maioria desses pensadores tinha forte formação filosófica, os exemplos mais evidentes sao Justino, Orígenes e Clemente de Alexandria. Recorrem em primeiro lugar ao pensamento filosófico grego em diversos sentidos com o objetivo de desenvolver uma doutrina crista. Recorrem também a este pensamento para mostrar como o conflito entre as diferentes correntes filosóficas gregas do Helenismo é evidencia dos limites da razão, que só podem ser superados pela revelação e pela fé cristas. Nesse sentido, os argumentos céticos forneceram elementos importantes para essa apropriação da filosofia grega pelos primeiros pensadores cristãos. Explorarei alguns resultados e consequências desse processo, inclusive posteriormente na retomada do Helenismo no contexto do Renascimento.


[Dr. Rodrigo Pinto de Brito] Sobre exercícios céticos

A partir principalmente das obras de P. Hadot e de M. Foucault tornou-se paradigmático pensar as filosofias antigas como técnicas/artes da vida, ou como exercícios. Contudo, o ceticismo, seja em sua vertente pirrônica ou acadêmica, acabou por ser olvidado nas abordagens destes pensadores. Apesar disso, e também das muitas abordagens antigas dos dois ceticismos, há uma espécie de constante conceitual que relaciona o ceticismo mais com uma atividade (enérgeia), disposição (diáthesis) ou capacidade (dýnamis), que acabam por engendrar uma conduta (agōgḗ), do que propriamente com um tipo de filosofia. Desse modo, podemos pensar os ceticismos como atitudes práticas com resultados igualmente práticos, frente à teorização excessiva da filosofia. 

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

[Dr. Marcus Reis] A física como exercício espiritual nos estoicos antigos

Esta palestra visa apresentar de modo geral a máxima “a virtude é viver de acordo com a natureza” atribuída aos estoicos antigos, especialmente a Crisipo, e levantar os pontos principais de uma discussão recente sobre o papel e a relevância da física estoica para a ética. A noção de “viver de acordo” (zên homologein) é atribuída a Zenão e parece que os estoicos posteriores completaram a frase com o objeto com o qual deve-se viver de acordo, isto é, a natureza. Parece que Crisipo teria elaborado a expressão para indicar que este “estar de acordo” deve levar em conta aspectos internos (não haver discordância consigo mesmo) e aspectos externos, em que o homem se harmoniza com as realidades ao seu redor. No entanto, a expressão levanta as questões: em que medida o estudo da física está vinculado ao estudo da ética? Pode realmente a ciência da física transformar uma conduta ética? Recentemente, a literatura secundária tem discutido qual seria a real relevância da física para a ética no estoicismo. Já em seu livro de 1997, The morality of happiness, Julia Annas levanta sérias críticas à concepção de que a física estoica é fundamental para a sua ética e Cooper, em resenha ao seu livro, defende a visão tradicional de que somente com um estudo aprofundado da física é que um homem pode alcançar o télos humano que é a felicidade. Em 2009, Boeri retoma a discussão defendendo também a visão tradicional e fazendo um panorama da discussão recente sobre o assunto.